2006/10/26

the truth


[Image: A related graphic, from the Times Online].



Não sei se motivado pelo tour do Al Gore pelo mundo alertando para obviedades ambientais inconvenientes - An Incovenient Truth - que qualquer um do lado de baixo do Equador ou do lado de lá de Greenwich, ou pela hipótese apresentada pela NewScientist deste mês de desaparecimento da civilização humana da face da bolinha azul (meio marrom), mas o grande fato do mês do Instituto DataWash para blogs e cultura web é que o mundo vai acabar mesmo!
O alerta ambiental soa como alarme de garagem de prédio, toca, toca, e mesmo assim passam na frente! Tamanha afronta agora é fato!

De 10 revistas semanais em banca de jornal, 8 são dedicadas ao tema. Aqui e lá. Dos blogs de arquitetura então nem se fala! Simplesmente 100% falam sobre possiblidades avassaladoras de irmos dessa para melhor.

Que arquiteto adora um terror já pudemos discutir e comprovar aqui. a simples possiblidade libidinosa de adulterarmos a face do planetinha com predinhos, e design, e arrojos, e texturas, e - ohhhh, so exciting! - peles, aplicando recursos descabíveis para produzir ícones de hiperdesign é de lascar! O que é uma chinchila pra quem se arrepia com um casaco de "pele" sobre a pele?
O que é uma vaquinha pra quem baba diante de uma bela picanha? Esse objeto de desejo resvala na morbidez. Então nada mais bacana do que uma tábula rasa na humanidade e deixar lá só os predinhos bacaninhas como paisagens de propaganda de carros offroad. Afinal, human being it´s so fucking disgusting!

A verdade, me parece (logo é minha) , é que o exercício do comedimento e da inação é deveras exaustivo diante de cenários tão maravilhos de aparições fugazes de delírios capitalista de 30 segundos. A operação necessária para que os edifícos possam ter vida e ser abrigo desta vida resulta incompatível com as necessidades visuais minímas estabelecidas pós-SMLXL, pós-Netherland Design, Pós-Koolhaas. Qual passa a ser, então, o real comprometimento da arquitetura? A coisa pela qual ou a coisa em si?

É urgente que essa Nova Construção ocupe o espaço paradoxalmente lançado pela própria estratégia de volatização do homem. No vácuo dos corpos desnessários surgem ruínas que tornam a ter vida pelo enraizamento da vida bruta.

Princípios unicelulares regenerativos diante de enzimas de longa cadeia pútridas.


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