2008/12/19

1000

Duas casas (TG, Jardim Botânico e LT em Camboinhas) que fizemos (eu + Patricia Fendt = Desenho Brasileiro) saíram no compêndio "1000 X ARCHITECTURE OF THE AMERICAS" da editora alemã Braun.
Seguem fotos do colosso de livro.

From 1000 X ARCHITECTURE OF THE AMERICAS


From 1000 X ARCHITECTURE OF THE AMERICAS


From 1000 X ARCHITECTURE OF THE AMERICAS


From 1000 X ARCHITECTURE OF THE AMERICAS



A casa TG (House Jardim Botânico) foi também agraciada na Premiação Anual do Instituto de Arquitetos do Brasil - RJ com Menção Honrosa na categoria Unifamiliar.

2008/11/28

sir

passeava eu pela avenida passos quando uma leve quebra no continnum espaço-tempo, uma sutil porém presente intuição levou-me ao interior de um sebo. onde é a seção de arquitetura? o dedo indicador apontou um canto no fundo da sombreada e densa loja. passei os olhos pelas lombadas enquanto o ventilador sobre mim surrava: ali, ali, ali... alternava a cabeça seguindo o diferente sentido dos autores e títulos nas lombadas. gideon, zevi, banister, benevolo, neufert... "banister"??? e eis que estava diante de mim em bela lombada de curvin, com letras em baixo relevo douradas, um autêntico sir, sir banister fletcher. impassível, soberbo e aristocrático, vivo em uma prateleira na avenida passos, nos trópicos úmidos do rio de janeiro. latitude 22º 54' 30'' longitude 43º 11'47'' a lombada me olhou do mesmo que eu a olhei atônito. beauty is in the eyes of the beholder. as páginas firmes, pouco amarelas, nenhuma marca de estrago temporal ou animal nos templos, igrejas, catedrais, seções, detalhes. tudo ali, vivo, pulsante, nas minhas mãos. comigo. uma leve sensação de desmaio rapidamente subtraída pela conta: cartão, débito, dinheiro, como estou? quanto? terei? vejo o preço. os dois dígitos arábicos acrescidos de duas casas decimais levaram todo o tempo do mundo entre as terminações nervosas visuais e os neurônios especializados em fazer conta e tomar decisões: é meu! o alívio me toma e fico leve. chove agora. um ônibus acelera. volta o som. vão embora as lembranças. todos aqueles ônibus do fundão até jacarepaguá passaram a fazer sentido, a espera pelo dinheirinho da bolsa de monitor passou a fazer sentido, a vida espartana e bela de estudante passou a fazer sentido, todos os peitos e bundas em viva flor da carne que desfilavam diante de mim pelo corredor de 178 metros da faculdade que nunca, nunca, me deram bola passaram a fazer sentido, todo o leve escárnio incrédulo dos colegas diante do primeiro e louco monitor do mais raro e louco professor de história da arquitetura daquela faculdade passou a fazer sentido, a leve arrogância daquela aluna linda com a edição que papai conseguiu em londres passou a fazer sentido, aquele ônibus que eu peguei na cinzenta são paulo, na rodoviária tietê, 17 anos atrás, para vir para a magnífica cidade do rio de janeiro, chegando na rodoviária "novo rio", dando adeus a pai, mãe e irmão, vou nessa, vou fazer minha vida, passou a fazer absoluto sentido . tudo agora faz sentido. eu sou o senhor do tempo. eu sou o senhor de um "a history of architecture on the comparative method". eu sou sir. as pessoas olhavam de canto no metrô. estava eu a falar sozinho? sorria? chorava? saio da estação e as pessoas abrem caminho. alguns se curvam. sinto o leve roçar da coroa nas minhas têmporas. mal sabem eles o que os aguarda. mal sabem todos o que virá. digo-lhes um prenúncio: estão aqui comigo todos os monolitos, os templos fenícios, as pirâmides, babilônia, os etruscos, partenon, os teatros, as ordens, os entablamentos, as cariátides, o circo máximo romano, as basílicas românicas, os domos, as catedrais góticas, a abadia de westminster, chartres, estão aqui comigo bruneleschi, vignola, michelangelo, os médici e os farnese, o petit trianon e a magnifícia página dupla 812** do renascimento inglês, de onde impera saint paul. todos. todos estão aqui comigo. todos vivos comigo.
mundo, tremei.

2008/09/11

RIO2020

Vale a pena salvar o Gasômetro?

Avança rapidamente a demolição do segundo tanque do Gasômetro, em São Cristovão.
Do total de três tanques, um já foi demolido, o segundo está em rápido processo de desmontagem.
Estas estruturas são raros exemplos do passado industrial do Rio e ficaram obsoletas com a passagem para o sistema de distribuição de gás que reduz drasticamente a necessidade de reservação.
A mudança tecnológica é perfeita: é mais eficiente, mais econômica e, principalmente, mais segura.
Os grandes tanques que armazenavam gás, apesar de seguros e de nunca terem causado maiores transtornos, pelo simples princípio da reservação representavam risco.
Por tal motivo inclusive foram alvo de maquinações conspiratórias no período da ditadura militar, cujo plano de explodi-los e responsabilizar a guerrilha levou o Capitão Sergio Miranda de Carvalho, do Para-Sar, a negar o cumprimento da missão. Este foi afastado da Aeronáutica, dado como louco. Somente muito tempo depois houve certo reconhecimento deste ato heróico. O episódio ficou conhecido como Caso Para-Sar, ou Atentado ao Gasômetro.
Além deste aspecto simbólico da vida política carioca e brasileira os tanques são belas estruturas metálicas montadas em princípios do século XX, quando da criação da Fábrica de Gás, em área de aterro que definiu o perfil atual da Região Portuária, em 1901. Com tamanhos médios de 50 metros de diâmetro por 50 metros de altura os tanques estão presentes na paisagem urbana da região e na paisagem da cidade como vistosos elementos que anunciavam a urbanidade, a prosperidade industrial, situados na "entrada" da cidade, papel que era atribuído à Avenida Francisco Bicalho.
Tal força e presença, é referência urbana até hoje, a ponto, por exemplo, de ter influenciado claramente o arquiteto francês Jean Nouvel, quando da sua primeira visita ao Rio para conhecer a área de implantação do Museu Guggenhein, que ficou estupefato com tais elementos a ponto de propor, no museu, um outro tanque, de mesma proporção, em alusão direta aos tanques do Gasômetro e, segundo dele, deste modo, pontuar as duas extremidades da região portuária com estes elementos.
Pois bem, avança rapidamente a desmontagem do segundo tanque. Parece que logo não haverá registro destes elementos que nos recebe na cidade e que convivemos há mais de 100 anos.
Este passado industrial do Rio terá sido tão inócuo há ponto de não mais querermos nos lembrar dele?
Vemos no mundo, belos exemplos de manutenção destes elementos na paisagem urbana, reconvertidos em outros usos, cinemas, habitação, teatros, lojas, inclusive vazios, como grandes elementos cênicos urbanos e festivos, marcando áreas livres de belos parques em áreas industriais abandonadas.
Preocupação maior que o desaparecimento destes elementos é saber que bela arquitetura poderá ser construída ali: um exemplar neo-neo-neoclássico, ou um mais um shopping inodoro, insípido e asséptico?
Quem pode proteger o Gasômetro e assim proteger um pedacinho da nossa história? Quem pode?

2008/07/24

Salvem as praças! Salvem-nos de nós mesmos!

Salvem as praças! Salvem-nos de nós mesmos!


http://www.novaiguacu.rj.gov.br/ver_noticia.php?codNoticia=1907




Por que recuperar praças?

Mais do que recuperar o espaço público, é urgente recuperar o convívio no espaço público.

Orientar, desenhar e planejar o espaço público para as crianças, os jovens e as famílias. Entendendo como são as crianças, os jovens e as famílias de hoje. A condição contemporânea destes usuários.

Não estamos mais no século de XIX do flaneur pela cidade, do maravilhamento com a cidade. Não se contempla mais a cidade. A cidade nos contempla. A cidade converteu-se em opressora e desumana. Pela falta de planejamento, pela falta de idéias e pela omissão pública.

Com a perda de sentido do espaço público as pessoas buscam refúgio e convívio no espaço privado - veja o sucesso, em escala nacional, do evento casa cor; a sofisticação das áreas de uso comum nos lançamentos imobiliários; a oferta, cada vez mais rica e complexa, de atividades em "espaços privados de socialização", os shoppings, os centro culturais, que mesclam, sedutoramente, cultura, comércio e ócio.

A sociedade da informação, que no Brasil, é também paradoxal, também cria um novo campo de complexidade, que tem rebatimentos no território.

Somos quinto lugar no mundo em acesso a internet, com 21,9% da população acessando a internet (32,1 milhões de usuários), apesar da relação de usuários da rede em comparação ao restante da população não-usuária ser das mais baixas - somos 62 o. lugar no mundo em acesso proporcional à população total (os dados não podem ser precisos pela dificuldade de pesquisa, mas seja pelo IBGE, seja pelo IBOPE, os dados revelam a dicotomia entre grande quantidade de usuários mas baixa proporção em relação a população geral - os dados citados são do PNAD 2005 IBGE).

Esta parcela de internautas já convive socialmente em um outro território, virtual, seja usando os recursos de mensagem on line; seja pelos sites de rede social como orkut (que foi dominado pelos brasileiros), myspace, facebook, etc; seja pela proliferação de lan-houses nas comunidades carentes, ofertando além do acesso a internet, a possibilidade dos jogos on line, da interação on line, da liberdade da autoridade; seja pela extrema sedução dos games, cada vez mais interativos (o Nintendo wii, pelo revolucionário modo de jogar, por interação corporal, está sendo utilizados por fisioterapeutas e em asilos de idosos nos EUA. Também nos EUA, a indústria de games já é segunda indústria do entretenimento, já muito próxima economicamente da indústria do cinema).

Estamos assistindo, participantes ou não, de um novo modo de construção de interações, de convívio, de encontros, de montagem de redes e de diálogos. E em escala, da construção de uma nova psique. Um novo ego.

Como chamar a atenção desta nova mente infantil e juvenil para o espaço público?

Através de espaço ativos, dinâmicos e interativos, onde o design surge como construção de possibilidades e não mais como formalizador de soluções. Um espaço aberto a interação, sedutor e acolhedor.

Esta tem sido nossa experiência em Nova Iguaçu com o Programa Praça-Escola, propondo articulação em rede das praças com as escolas, e desenhando brinquedos e mobiliário urbano interativos.

É urgente entendermos nosso tempo para termos propostas precisas para o tema do resgate do uso do espaço público.

Salvar nossas praças, salvar seu uso, é salvar o nosso potencial como sociedade democrática. É proteger o futuro. É investir na civilização brasileira.

É salvar-nos de nós mesmos.


Washington Fajardo

2008/07/12

manifesto

MANIFESTO RIO 2020
ou O RIO DE CAROL, ANTONIO E NINA


Está diante de nós mais uma eleição municipal. Mas esta não é simplesmente “mais uma” eleição. Esta será a mais importante eleição municipal dos últimos 12 anos.

Pois esta será a eleição na qual decidiremos se vamos em direção a uma cidade melhor ou se vamos em direção a barbárie.

Tal constatação, não é um alerta característico das estratégias das políticas do medo, mas uma avaliação estatística dos fatos - violência, má administração pública, omissão política, má-fé política - que povoam as páginas de jornal. Tal constatação torna-se pior ainda quando analisamos este conjunto imenso de fatos pela lente do modelo vacilante de cidade com o qual lidamos cotidianamente.

Este modelo de cidade, esta presença sutil, esta alquimia, de domínio exclusivo, controlada pelos arquitetos e manobrada pelos políticos, impõe um cotidiano e dele se alimenta, num círculo vicioso.

O trânsito que não flui, os deslocamentos desumanos, a perda de qualidade do espaço público, “a” perda de espaço público, a favelização acelerada, a deterioração da infra-estrutura, o esvaziamento do centro, a dengue que cresce nos terrenos baldios e no lixo, o patrimônio histórico destruído, a valorização imobiliária injusta e desregrada, a desordem urbana, as leis inúteis, os camelôs, a imensa demanda da rede hospitalar, a falta de leitos, a falta de vagas nas escolas, o esvaziamento econômico, a perda de oportunidades, são os aspectos mais concretos deste modelo caduco, cuja face menos óbvia - e não tão diretamente associada à questão urbana - são a violência, a insegurança, o medo, o stress, a paranóia, a neurose, a doença, a corrupção, a feiúra, e, a mais temerosa, a apatia.

Não associamos estes problemas ao modelo urbano escolhido por nós, ou através de nós - não alcançamos o impacto das decisões urbanísticas pelo tempo longo no qual elas se impõem - e não percebemos quando exatamente a vacina passa a ser doença. Problemas cujo modelo de cidade deveria corrigir, ao falhar, ou ao ser inócuo, no tempo, geram problemas maiores que aqueles para o qual foi ensaiado.

Possuímos uma compreensão imediata, sensível sócio-economicamente para o cotidiano e suas mazelas. Observamos a miséria, sentimos a pobreza, atentamos para a corrupção e a violência, mas quando, nas eleições municipais, não entendemos a mensagem da oferta urbanística que nos é feita, não percebemos o tempo longo em que serão construídas, sob, sobre e dentro de nós, ficamos a mercê destas decisões. Somos conduzidos. E nestes hiatos de eficiência e falência, de sucesso e fracasso, constroem-se relações baseadas na desordem, interesses baseados no caos e na ausência da razão.

O sonho da razão produz monstros.

E a monstruosidade avança folgadamente, e fogosamente, pela cidade.

Mas também não existe um mentor diante do caos consagrado. Mas um conjunto de interesses dispersos, cuja articulação rompe, através da normalidade, e pelos meios legais, a esfera do privado e alcançam status público. É assim na desordem urbana e na permissão da gestão municipal, é assim no caos do transporte público e na omissão dos agentes fiscalizadores, é assim também, terrivelmente, nas manifestações de violência e na constatação concreta do terror instaurado e do abandono da cidade.

É imperioso compreendermos nossa relação com o lugar.

Aqueles cujas histórias familiares remetem à vida no interior, digo isso sem bucolismos, compreendem a idéia de mescla do tempo de vida com o tempo lugar.

Pois nosso tempo é urbano. Tem pressa e pode nos devorar. Precisamos (nos) entender.

E este é nosso momento na história.

Temos, na nossa família, nas nossas mentes, nos nossos corpos, uma conjunção intrínseca com nosso território, com a cidade que escolhemos para viver. Esta mescla é imperiosa à grande maioria - excetuam-se aqueles que possuem grande capacidade de mobilidade, cujo território passa a ser mais global: os mais ricos, a elite, e que por isto mesmo perdem a capacidade de apontar novos rumos, inebriados que estão por uma cidade maior: o planeta.

(Há que se desconfiar sempre dos políticos que muito viajam).

O modelo de cidade que nos foi proposto há três gestões atrás, há doze anos, caducou.

Uma gestão inicialmente afrontada por arquitetos e idéias urbanas converteu-se em vazios imensos, edificados na ruína da perda de sentido da transformação real, estrutural, para um simples jogo global. Para uma cidade ineficiente povoada de imagens esmaecidas de uma transformação contundente que deveria ter sido mas não foi.

Estamos hoje na terceira divisão das cidades globais.

Perdemos a oportunidade de promover melhorias estruturais na cidade quando dos Jogos Pan-americanos. Não houve melhoria nenhuma na rede de transporte público. Não houve melhoria na rede hospitalar. Não fluímos melhor pela cidade. Não construímos pontes entre territórios partidos. Não apontamos hoje para um horizonte melhor de cidade, pelo contrário.

Inegável, temos hoje melhores equipamentos esportivos. Mas por que não se aproveitou as oportunidades e o ambiente de recursos? Por que não fizemos História? Mas ouvimos muitas estórias...

Esta trajetória, iniciada há 12 anos atrás, há três gestões municipais, descreveu no tempo um arco balístico, cujo ápice, ou cume, o Pan, foi medíocre. Na escala do helicóptero, ou dos governantes, o Engenhão é belíssima obra, mas na escala do pedestre, a população, não basta ser morador do engenho de dentro, basta dar uma volta no quarteirão do estádio para perceber a total perda de qualidade daquele ambiente.

Repetimos, acintosamente, mesmo depois de estudos, teses e saberes adquiridos, o mesmo erro quando da abertura do Sambódromo: destrói-se uma localidade em prol de uma obra magnânima.

Por que, mesmo depois de 12 anos de Programa Favela Bairro, ainda temos na favelização um problema crucial da nossa cidade? Será que fomos a fundo na questão? Quantas comunidades receberão a propriedade dos seus imóveis?

Essa trajetória balística de 12 anos hoje cai vertiginosamente sobre nossas cabeças tal qual bala perdida.

Por que esta dicotomia? Por que se perdeu a oportunidade de uma transformação real em troca da construção de cenários? Porquê a transformação real implica em planejamento melhor, em mais democracia, em melhor ambiente técnico, e menos político e, consequentemente, numa visão politicamente obtusa, na perda de status quo.

Basta observar o intenso tráfego de políticos a Bogotá e Medellín, na Colômbia, pois lá se comprovou o contrário: houve melhoria real promovida pelo poder vigente.

A real transformação implica em colocar outros horizontes em foco: pautar a mudança da cidade física pela mudança da vida das pessoas, nos seus aspectos de menor escala: a rua, a praça, a escola, o hospital.

Referenciar a mudança pensando nas crianças.

Temos hoje uma cidade boa para as crianças? Teremos em 2020?

As eleições deste ano podem dar início a um novo arco no tempo de 12 anos. Um novo ciclo.

Que cidade teremos em 2020?

Até lá teremos novamente mais dois grandes eventos: a Copa do Mundo de 2014 e, talvez, as Olimpíadas de 2016. Seremos capazes de produzir uma cidade melhor a partir destas novas oportunidades ou cometeremos os mesmos erros? Essa decisão também se inicia nas eleições deste ano.

Estes eventos são novamente oportunidades para a criação de um ambiente de excelência: econômico, político e técnico.

Seremos capazes de produzir a real transformação?

Seremos capazes de produzir um Rio em 2020 melhor para nossas crianças?

Esta é “a” decisão que estas eleições nos trazem: imagens ou vida real, slogans ou crianças?

Esta é medida das ações urbanas. Este é o tempo da cidade. A decisão de hoje implicará numa realidade, boa ou ruim, no futuro.

Tenho em casa três crianças: Carol, minha querida enteada, meus filhos Antonio e Nina. No Rio de 2020, Carol, terá 22, Antonio, 14 e Nina terá 12. Terão eles crescido em uma cidade melhor? Terão eles na cidade um ponto de referência da democracia, do convívio entre diferentes? Terão eles usufruído da rua? Sentir-se-ão cidadãos cariocas plenos ou serão uma parcela protegida? Sentir-se-ão aptos a fazerem a sua busca da felicidade no Rio de 2020?

Um modelo de cidade deve ser um modelo de fortalecimento da vida em seus aspectos mais elevados: democracia, oportunidades, saúde, educação, economia, cultura e ecologia. Devemos rechaçar radicalmente o marketing, o slogamismo, a mídia política.

O Rio de 2020 pode ser o Rio de 2014, pode ser o Rio de 2016, mas deve ser, antes e prioritariamente, o Rio de Carol, Antonio e Nina: uma cidade de vida real, de pessoas reais, planejada pela razão, eficiente, justa e cheia de sonhos e idéias.

Neste planeta, e por enquanto só temos este, as cidades são nossos lares, são nossos corpos, nossas famílias. São também nossas crianças. Devemos pensar muito bem no Rio de 2020 a começar pelas próximas eleições.