2010/06/17

Carta a revista Veja Rio

Carta a revista Veja Rio
A matéria de capa “O que vale a pena conservar?” publicada na Veja Rio, é oportuna pois traz foco sobre aspectos da condição especial de patrimônio cultural do Rio, caso único no país, e os desafios que precisam ser vencidos. Mas cabe esclarecer e complementar:
  1. Não foi afirmado que "várias edificações não têm nenhum valor arquitetônico" mas sim que a APAC tem foco no valor de conjunto urbano, no valor arquitetônico representativo de uma relação harmônica entre paisagem construída, espaço público e paisagem natural, por isso as construções são essencialmente "preservadas" - pode-se realizar mudanças internamente - em vez de "tombadas" - maior rigor de controle. Ou seja, é característica do patrimônio municipal ser uma proteção de território e de paisagem prioritariamente, um pouco distinta da abordagem patrimonial de outras esferas de governo.
  2. Não existe nada "intocável" ou “engessado” a partir do ato de proteção, mas quaisquer reformas ou modificações devem ser orientadas pelo órgão de tutela.
  3. De todo o bairro do Leblon, somente cerca 10% dos imóveis é preservado. Ou seja, é uma menor parcela do bairro. A parcela que guarda a memória da evolução urbanística e arquitetônica.
  4. O Patrimônio Cultural municipal tem clareza e é sensível às dificuldades de alguns proprietários para realizar a conservação. Por isso estamos priorizando no nosso trabalho a criação de novos estímulos à conservação. Por esforço nosso, está previsto no substitutivo 3 do Plano Diretor, em discussão na Câmara dos Vereadores, a criação de um Fundo Municipal de Conservação do Patrimônio Cultural, que traria melhorias ao permitir que os proprietários possam recorrer a financiamento público para conservar seus imóveis.
  5. A matéria cita a área central de Dresden, na Alemanha, e o bairro do Marais, em Paris, que são excelentes exemplos de regiões onde a preservação teve orientação da manutenção do contexto urbano. Do mesmo modo opera o patrimônio cultural municipal.
  6. A matéria acerta ao propor o desafio do futuro em relação à memória. O mesmo desafio é por nós encarado a ponto de ter definido o nome da pasta: Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design, pela necessidade, panfletária até, de promover a qualidade da arquitetura contemporânea no Rio de Janeiro.
Washington Fajardo
Arquiteto e Urbanista
Subsecretário
Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design
Secretaria Municipal de Cultura

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